Mudar de emprego, ou mesmo de carreira, é um desafio. Que pode ser desconfortável e complicado de gerir. No entanto, é algo que hoje acontece de forma recorrente.
Quando pensamos no porquê, a resposta óbvia será a procura de melhores condições, principalmente salariais. Mas, na verdade, um estudo (1) descobriu que 9 em 10 trabalhadores aceitariam um novo emprego que significasse uma perda salarial, mas que, em contrapartida, fosse mais significativo.
As pessoas valorizam hoje cada vez mais o porquê nas suas funções. Procuram desafios alinhados com os seus valores. Ambicionam empregos / funções com significado. E, na verdade, quando isso acontece, quando encontramos esse trabalho, a produtividade tende a aumentar (2).
Sugiro leitura do livro Descubra o Seu Porquê de Simon Sinek, Peter Docker e David Mead
Mais do que um bom ordenado, pois o valor que recebes nunca será suficiente, todos procuramos um lugar onde nos iremos sentir identificados com os seus valores e com o significado do mesmo. Porque o dinheiro apenas te irá garantir mais felicidade até um certo ponto.
Mas será que todos os empregos podem ter significado? A resposta é positiva. Todos podemos encontrar significado e valor naquilo que fazemos.
Um empregado de reposição num supermercado, ajuda outras pessoas a encontrar de forma mais simples e rápida os produtos que necessitam para a sua vida. Um profissional de marketing, ajuda a comunicar da melhor forma os benefícios de um produto / serviço para os consumidores. Como é óbvio, pode parecer uma imagem “romantizada” das coisas, mas, no fundo, é um exercício que podes procurar fazer.
Procura analisar as tuas funções e entender de que forma elas contribuem para algo maior. Se não sentes crescimento profissional, partilha isso com a tua chefia, oferece-te para fazer algo fora das tuas competências-chave. Cultiva a tua rede de contactos em comunidades online ou eventos, junta-te a uma comunidade, procura quem partilha dos teus valores.
No fundo, há três aspectos que tens de valorizar: possibilidade de contribuição, oportunidade de aprendizagem e sentimento de pertença.
Do zero.
Algo que importa lembrar, tanto para quem muda de carreira, como para quem agora chegou ao mercado de trabalho: se vais começar ou recomeçar, é provável que não seja fácil.
É bastante provável que o trabalho que encontres não corresponda exactamente ao que procuravas. Lembra-te, até nos melhores empregos há dias maus. Deves por isso procurar ajustar as tuas expectativas e aproveitar essa oportunidade para cresceres, não apenas profissionalmente, como também pessoalmente.
Mudar de emprego é um risco, mas que irá permitir-te explorar as tuas capacidades. Que depende apenas de ti e das tuas competências para resultar.
A tua carreira só depende de ti e das tuas escolhas. Quando não resulta, não procures culpados. Procura antes entender o que necessitas para superar essa fase. Pode ser uma mudança de emprego ou a aquisição de novas competências.
Mais importante de tudo passa por definir a pessoa que queres ser no futuro. Onde te vês dentro de 3 anos? O que precisas para alcançar esse objectivo? Quem precisas de conhecer? O que precisas de aprender e dominar para o conseguir?
Ao teu lado pode estar alguém importante nesse trajecto. O teu chefe ou manager. Ele pode ser o teu mentor, o teu coach. O teu sucesso será o sucesso dele. Procura junto dele aconselhamento. Ele terá mais experiência que tu, com certeza. Ele poderá dizer-te quais são as suas expectativas e o que espera de ti. Tem uma conversa aberta e honesta com ele. Os dois irão beneficiar disso.
Para onde vais.
No desenvolvimento da tua carreira foca-te nas tuas forças. Parece óbvio, mas pouca gente o faz. Ao invés de procurar seguir as tendências ou o que os outros dizem, está atento ao que és bom, ao que fazes com facilidade e capitaliza sobre isso.
Cria o teu Talent Stack (3). Ser o melhor numa área é muito complicado, mas ser o bom em diversas áreas em simultâneo fará de ti único. Identifica as tuas competências mais fortes, entende que outras necessitas ou fazem sentido acrescer. Foca-te em ser melhor. De forma consistente. Apenas com isto irás garantir melhores resultados do que a maioria. E sê paciente contigo.
Tudo leva o seu tempo. Estarás a competir contigo mesmo e não contra os outros. Neste processo estarás a criar, em simultâneo, a tua marca pessoal. Aquilo que fará de ti uma mais-valia em qualquer projecto.
O equilíbrio.
Mas tudo requer um ponto de equilíbrio. Podes, e deves, continuar a aprender e a arriscar. Se algo não resulta, procura um novo desafio. Tendo presente as ideias que partilhei anteriormente.
Mas muitas vezes é nos vendida uma ideia errada, de que existe um trabalho de sonho. E muitos de nós acreditamos nisso e vivemos na busca do mesmo. Há duas formas de te relacionares com essa ideia. Poderás ser um “satisficer“, alguém que define os seus critérios e, quando encontra o que corresponde aos mesmos, deixa de procurar. Ou um “maximizer“, alguém que procura constantemente o desafio certo, que quer ter a certeza que cada decisão é a melhor.
Cabe-te a ti fazer essa escolha. Com isso e com o que aqui partilhei, espero, que possas tomar futuras decisões de outra forma.
Porque o valor da tua carreira depende apenas das tuas decisões.
(1) Workers Value Meaning at Work; New Research from BetterUp Shows Just How Much They’re Willing to Pay for It | BetterUp
(2) BetterUp – Meaning and Purpose at Work
(3) Conceito criado por Scott Adams, criador da banda desenhada Dilbert, que assenta na ideia de que se pode combinar habilidades normais até se ter o tipo certo para ser extraordinário.