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Confesso que para além de achar o tema muito importante e relevante para os dias de hoje, a capa deste livro deu uma enorme ajuda para eu avançar com a sua compra. Depois de o ler, posso-te dizer que de facto superou as minhas expectativas. Achei o livro muito interessante, com insights muito valiosos e com uma enorme utilidade.
Curiosamente, há uns atrás quando estudava na universidade, usava de uma forma algo excessiva a expressão “escuta lá”. Penso que na altura o fazia porque queria trazer de volta a atenção da(s) pessoa(s) com quem falava nesse momento. Depois de ler este livro compreendi o porquê disso acontecer, não o de usar a expressão, mas o porquê das pessoas dispersarem tão rapidamente de uma conversa.
Vivemos hoje num mundo hiperligado, mas em simultâneo muito desconectado. Seguimos dezenas, centenas e até mesmo milhares de pessoas em algumas redes sociais. Mas não temos ninguém com quem conversar a maior parte do tempo. Será que alguma dessas pessoas estaria disposta a ouvir os nossos problemas? Será que tu estarias disposto(a) a ouvir-me?
O que esperar deste livro?
No livro “O que perde quando não está a ouvir“, de Kate Murphy, a autora aborda uma série de questões relacionadas com a arte de ouvir. Uma das primeiras perguntas presentes no livro é: Quando foi a última vez que ouviu alguém?
E eu desafio-te a pensar nisso. Sim, mas ouvir mesmo. Sem estar de imediato a pensar no que dizer de seguida. Isso sim é ouvir. A verdade é que não estamos preparados para ouvir. À nossa volta temos muitos estímulos para fazer precisamente o contrário. Nos programas de televisão vemos diariamente “conversas” em que ninguém se ouve, ninguém se respeita. As redes sociais são um convite à expansão do nosso ego. Com tudo isto, e muito mais, como podemos aprender a ouvir? Ou sequer ter vontade de ouvir alguém.
Outro dos aspectos focado no livro tem a ver com a forma como a nossa educação e relação com os pais nos influenciam mais tarde. Nós somos melhores ouvintes se tivermos pais que foram bons ouvintes, de outra forma estamos mais preocupados em não perder a atenção das pessoas numa conversa do que propriamente as ouvir.
Ainda sobre esta relação pais / audição, um aspecto que achei muito interessante foi também o impacto que a mesma tem na nossa “voz interior”. Se na nossa infância somos demasiado criticados, iremos desenvolver uma voz interior mais negativa. Por outro lado, pais que nos ouvem, que realizam os nossos desejos e necessidades, irão permitir o desenvolvimento de uma voz interior mais amigável.
Curiosamente, ou não, há ainda um dado relevante sobre esta questão da voz interior. Muitas pessoas têm uma fixação com o que necessita de ser resolvido, estarem ocupadas a fazer algo, pois enquanto estiverem ocupadas têm menos tempo para ouvir os seus pensamentos. Pensamentos esses, que muitas das vezes podem ser negativos. Mais uma questão para ti: quando foi a última vez que tiveste 30 minutos apenas a pensar? Sem mexer no telemóvel, livro ou outra distracção. Só tu e os teus pensamentos. Pensa nisso.
São vários os contextos analisados no livro, sempre sustentado com exemplos práticos, que nos permitem entender o real poder de ouvir alguém com intenção. É um livro que realmente gostei de ler, que sublinhei muito do seu conteúdo e que acredito me será útil em vários cenários no futuro.
Termino citando uma frase do livro:
Todos são interessantes se fizermos as perguntas certas.
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