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cri·a·ti·vi·da·de
(criativo + -idade)
nome feminino
1. Capacidade de criar, de inventar.
2. Qualidade de quem tem ideias originais, de quem é criativo.
3. [Linguística] Capacidade que o falante de uma língua tem de criar novos enunciados sem que os tenha ouvido ou dito anteriormente
Esta é a definição de acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, mas será que é mesmo assim? Será que um criativo mesmo alguém que cria do zero?
Há uns anos atrás cruzei-me com esta fantástica apresentação do TED:
Na sua apresentação, Kirby Ferguson mostra-nos como um ícone musical – Bod Dylan – foi “roubar” as suas ideias a outros músicos, como a própria Apple “copiou” ideias para criar o iPhone e deixa-nos no final uma mensagem forte: nós dependemos uns dos outros.
Mais recentemente vi um episódio da série Song Exploder, no qual descrevem o processo de criação da música “Love Again” de Dua Lipa. Descobrimos neste episódio que a música tem uma série de referências base de outras músicas, como por exemplo a parte do trompete, retirada de um sucesso clássico dos anos 90 no Reino Unido: “Your Woman” de White Town.
Nesse episódio, Dua Lipa confessa ainda como as músicas que os seus pais ouviam, quando esta era pequena, a influenciam na criação das suas próprias músicas.
Outra boa referência sobre criatividade e o todo o seu processo é o livro “A arte do gamanço” de Austin Kleon.
Neste, o autor refere a importância de criarmos a nossa própria linguagem, de como podemos estimular a nossa criatividade olhando para o trabalho dos outros. E como, “roubando” as suas ideias, podemos criar as nossas próprias.
Acima de tudo, o mais importante é encontrarmos as boas referências para nos inspirarmos e criarmos o nosso trabalho. Não vamos de facto roubar as suas ideias, mas vamos buscar nelas inspiração para criarmos as nossas próprias.
Por fim, recomendo a visualização do documentário “Everything is a Remix” de Kirby Ferguson, que nos dá uma visão mais alargada das suas ideias, daquilo que ele partilhou na sua TED Talk.
E isto tudo para dizer-te que criar do zero não existe. Nós somos a soma de tudo o que vamos vendo, lendo e ouvido ao longo dos anos. Aquela ideia que temos do nada, afinal, vem de algum lado. O importante é estarmos atentos à forma como as apresentamos, respeitando o trabalho dos outros, principalmente, quando esse serve de inspiração para o nosso. Não há mal nenhum em olhar para os outros e daí buscar inspiração, errado é copiar de forma descarada é negá-lo.
Lembra-te do conselho sábio de Salvador Dalí: “Quem não quer imitar nada, não produz nada.”
Concordo com tudo o que disseste!
Sem dúvida que a criatividade vem da soma de experiências que temos durante o dia e toda a vida.
Mesmo as ideias que temos que achamos geniais, só surgem porque consumimos algo
Que nos proporcionou a mesma.
Excelente texto.